terça-feira, 7 de julho de 2009

“Linguagem e Escola- Uma perspectiva social” - Magda Soares

A autora aborda as relações entre linguagem e escola a partir dos problemas da educação das camadas populares no Brasil e como o ensino da língua contribui para fortalecer as desigualdes.

A escola pública brasileira é insatisfatória e legitima as desigualdades com altos índices de repetência e evasão escolar. Mesmo com o aumento do acesso à escola, não ocorre a democratização da escola, ou seja, ainda não se tem uma escola pública e de qualidade para todos.

O fracasso escolar pode ocorrer pelos problemas de linguagem que favorecem a desigualdade, pois diante do conflito entre linguagem da escola que atende as classes privilegiadas e a linguagem das camadas populares, a escola acaba censurando a utilizada pelas camadas populares na aquisição do saber escolar.

A escola, para reforçar o discurso de que é democrática, traz outros discursos para justificar o fracasso escolar e a respeito disso, no segundo capítulo, Magda Soares coloca algumas explicações:
· Ideologia do dom: Todos têm a mesma oportunidade, mas o bom aproveitamento dependerá da aptidão de cada um.
· Ideologia da deficiência cultural: O fracasso escolar é justificado pela deficiência cultural onde os alunos são mal sucedidos por pertencerem a um meio desprivilegiado e pobre econômica e culturalmente, inclusive nas comunicações. A escola buscou formas de compensar essas carências, mas a Sociologia trouxe uma outra discussão a respeito dizendo que não há deficiência cultural, mas diversidade cultural.
· Ideologia das diferenças culturais: Cada grupo social tem uma cultura própria. A diferença é transformada em deficiência.

No terceiro capítulo, a autora discute a teoria da deficiência lingüística, como surge, sua influência na escola e as contribuições de Basil Bernstein, com uma teoria que diz que “é a estrutura social que determina o comportamento lingüístico”(p.21). A defasagem lingüística, na teoria da deficiência cultural, ocorre por causa da pobreza do ponto de vista lingüístico do meio que a criança vive. A solução para essas “deficiências” foi a educação compensatória que surge para camuflar o verdadeiro problema da educação de uma sociedade capitalista: a má distribuição das riquezas.

Este conceito é contestado no quarto capítulo, baseado nos estudos da Sociolingüística, que comprova a existência de variáveis lingüísticas e negando a deficiência ou inferioridade de uma em relação a outra. O que existe são dialeto padrão e dialeto não padrão.

Magda Soares, no quinto capítulo, retoma os conceitos de deficiência lingüística e diferenças lingüísticas numa Sociedade da Linguagem, responsabilizando a sociedade capitalista por transformar diferenças em deficiências, através da imposição de cultura e linguagem que a classe dominante exerce sobre a dominada com a mediação da escola. Apresenta também as contribuições de Bourdieu com uma crítica que diz que a dominação lingüística de uma classe sobre outra acontece visando o lucro dentro de um mercado lingüístico.

A autora afirma que a solução para o fracasso escolar não está na escola: “(...) numa sociedade marcada pela divisão em grupos ou classes antagônicos, que se opõem em relação de forças materiais e simbólicas, não há solução educacional para o problema do fracasso escolar; só a eliminação das discriminações e das desigualdades sociais e econômicas poderia garantir igualdade de condições de rendimentos na escola.” (p.64).

O capítulo seis traz contribuições finais do livro na questão da linguagem e escola. Procurando apontar caminhos para questões sobre a relação entre classe social, linguagem e escola; o papel da escola na educação das camadas populares e o ensino da língua. Diferentes campos do conhecimento como a Sociolingüística, a Sociologia, a Sociologia da Linguagem, a Lingüística e Psicologia têm contribuído para fundamentar o ensino da língua materna com reflexões sobre o processo de transformação social.

Beatriz Tomaz Ruela RA: 015550
Valéria de Almeida Laura RA:073793

6 comentários:

  1. adorei, muuuuuuuiiiiitttoooooooooo.....boooooooommmmm!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  2. Foi de bom uso para mim. :)

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  3. Esta obra, com primeira edição em 1986, tem gerado discussões produtivas, visto que os dados estátisticos da década de 80, sobre o fracasso escolar brasileiro, equivalem praticamente aos dados atuais, mas o discurso político de hoje procura enganosamente mostrar outra realidade do contexto educacional...

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  4. Infelizmente é a triste realidade brasileira!

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  5. PRECISO DE UMLIVRO QUE MI TRAZ ABORDAGEM DA CRIANÇANAESCOLA E DA EVASAO , DO ALUNO NA SOCIEDADE

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  6. Faltou falar quais são os caminhos apontados pela autora para a solução do problema, apresentados no capítulo 6.

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